Grito com reticências…

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A Dança de Matisse por Claudyo Casares*

Não sei qual direção tomei. Só sei que andei e…de repente…senti que estava no lugar errado. Voltei, mas percebi que perdi tempo ao desviar a rota. Fiquei dando voltas no vazio e a sensação de perder tempo aumentou. Sinto-me perseguida pelo tempo, embora seja eu que corra para não perdê-lo. Tenho vontade de gritar. Será que isso ocorre porque não sou cantora, poeta, atriz e nem ao menos toco um instrumento? Não tenho nenhum dom especial. Já que não posso transformar angústia em arte, só resta o grito ou o silêncio.  Não quero silenciar. Eu quero poder gritar que tenho o direito de ser…seja lá o que for. Quero ser eu, mas quero também ser outras. Muitos desejos, sonhos, lutas, mulheres, homens, vitórias e derrotas cabem em mim e tenho necessidade de viver todos eles. Queria saber que minha vida não é uma sucessão de escolhas que eliminam outras.

Deixa eu gritar! Deixa eu dizer que já não tenho mais lugar em mim. Deixa eu revelar que não sou poeta e que por isso tomo canções e poemas emprestados pra traduzir a mim mesma. Deixa eu usar os versos de Flor Bela Espanca, mais uma vez, pra dizer o que sinto…é isso…é precisamente isso: “o meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!”. Uma saudade enorme de tudo que ainda não conheço…de tudo que fui, sou ou serei. No fundo, o que mais sei é que escrevo com reticências…muitas…

* Pra saber mais sobre o artista que recriou o belo quadro de Matisse: Claudyo Casares

Uma resposta »

    • Poxa Claudyo, fiquei tão feliz com seu comentário!!!! Afinal, não é todo dia que recebemos um elogio tão ilustre \o/. Agradeço muito por ter vindo até meu bloguinho. Seu trabalho é lindo e não resisti ilustrar meu desabafo com essa bela releitura de uma obra que eu já gostava muito, mas que com essa perspectiva multicultural ficou ainda mais perfeita. Traduzia em imagem exatamente o que eu estava sentindo quando escrevi o post. Muito grata mesmo….e parabéns pelo lindo trabalho 😉

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